A antiga arena

Parecia apenas mais um dia comum no reino de Driwater e isso não me deixava feliz, nem um pouco. Odiava a mesmice e todo dia era idêntico ao anterior. Pela manhã tinha que realizar todas as tarefas que eu tinha como "princesa" e, quando passava por alguém importante, me olhavam com ar de reprovação, era irritante. Que mal eu havia feito? Além de estar viva, é claro...

Ao término de minha tarefas foi impossível segurar meu sorriso, iria dar uma de minhas famosas fugas. Peguei o mais simples dos vestidos e a mais comum das capas, passei pela cozinha e furtei algumas maçãs de Martha, a cozinheira. Cobri meu rosto com a capa e andei pelos corredores do castelo o mais furtivamente possível, seria terrível encontrar mamãe naquele momento. Olhava para os lados atenta e silenciosa, sempre indo pelo lado menos movimentado, no fim acabei em uma das passagens secretas do castelos, esta me levaria aos estábulos.

Nos estábulos, escolhi o meu cavalo preferido. Era um malhado corcel negro, chamado relâmpago. Montei-o, estar em cima daquele animal era como sentir o gostinho da liberdade. Ele era delicioso e eu ansiava por mais, sorri maravilhada e segurei as rédeas, fiz um movimento fraco com os pés e relampago avançou a trotes suaves e ligeiros, como quando fujo de mamãe. Dirigia-me a antiga arena.


A antiga arena era uma lugar silencioso e pouco movimentado, na verdade poucos iam ali, diziam que era assombrado. Coisas de aldeões, na verdade, até que era um local agradável. Um dos poucos onde eu não era perturbada.

De longe pude ver a montaria de meu treinador, Adrasto pertencia ao reino Magnus Darksoul. Muitas vezes me perguntava o motivo de ele vir aqui justamente para me treinar, ele nunca me respondera a esta pergunta.

- Desculpe a demora... - murmurei enquanto descia do cavalo e amarrava a rédea dele em um tronco de madeira. Peguei a maça que havia furtada e dei uma mordida, saboreando-a.

Adrasto me lançou um olha do tipo "ok", o que eu entendi como "sem problemas". Dei outra mordida da minha deliciosa maçã enquanto o via dirigir-se a uma mesa de madeira - eu podia jurar que ela nunca esteve ali antes e parecia nova demais -.
Ele ficou de costas para mim, então não vi o que tinha sobre a mesa. Em seguida o moreno se virou com um arco de madeira em mãos.

A arma era longa e bem entalhada, sua madeira parecia ser de boa qualidade e a corda parecia bem flexível. Não que eu entendesse muito de armas, mas as vezes observava George, o mestre de armas, fazendo arcos e outras espécies de armas bem interessantes.

-Esse é seu arco, cuide muito bem dele - olhei do arco para a face do moreno, a ação se repetiu cinco vezes antes de eu, finalmente, sair daquele "tic nervoso", me joguei nos braços de Adrasto.

- Obrigada, obrigada, obrigada - repeti a palavra mais umas dez vezes, sorridente e tirei o arco das mãos dele, analisando-o em minhas mãos. Era leve, muito leve, e parecia ser adequado para alguém como eu - Muito obrigada mesmo.